Protestos em mais de 170 cidades do Brasil contra cativações na educação
Milhares de pessoas
protestaram quarta-feira nas ruas de mais de 170 cidades do Brasil contra o
bloqueio de verbas destinadas às universidades e colégios públicos do país.
As manifestações
ocorreram nas 27 capitais regionais do Brasil e também em pequenos municípios
onde estudantes, professores e elementos de movimentos sociais foram às ruas
para expressarem o seu descontentamento face ao anúncio de cativações de 30%
nas verbas atribuídas às instituições de ensino mantidas pelo Governo central.
Esta foi a primeira demonstração pública de oposição
ao Governo do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que tomou posse em 01
janeiro.
Enquanto
os protestos aconteciam, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, participou
numa audiência pública na Câmara dos Deputados (câmara baixa parlamentar) para
explicar as cativações das verbas.
O
governante afirmou que houve uma queda na arrecadação de impostos no primeiro
trimestre deste ano, facto que obrigou o Ministério da Economia a congelar as
despesas de todos os outros ministérios.
Weintraub
também frisou que a incerteza fiscal gerada pelo défice crónico das contas
públicas é consequência de atos de Governos anteriores, que criaram graves
problemas ao país.
Segundo
o ministro brasileiro, estes problemas só poderão ser superados quando o
Parlamento aprovar grandes reformas, como as mudanças no sistema de pagamento
de pensões atualmente em discussão naquele órgão.
Weintraub
também sublinhou que não existe um corte das verbas da pasta da educação, mas
sim uma suspensão temporária de despesas determinada para cumprir a lei de
responsabilidade fiscal do país.
Já
Jair Bolsonaro, questionado pelos jornalistas durante a visita aos Estados
Unidos, afirmou que muitos dos alunos que saíram às ruas para protestar contra
os cortes na educação são "idiotas úteis" que "não conhecem nem
a fórmula [química] da água".
Em
abril, o Ministério da Educação informou que iria cativar 30% das verbas
atribuídas às instituições de ensino federais mas, depois, explicou que o
congelamento seria de 24,84% nas chamadas despesas discricionárias, usadas para
garantir o pagamento de despesas de manutenção como as contas de água e luz,
por exemplo.
Nas
universidades federais brasileiras, a cativação é de 1,7 mil milhões de reais
(380 milhões de euros), o correspondente a 3,43% do orçamento dedicado a estas
instituições, segundo o mesmo ministério.
Sem comentários: