Militares sudaneses anunciam suspensão por 72 horas das negociações
O chefe do conselho militar
no Sudão anunciou hoje a suspensão por 72 horas das negociações com líderes de
protestos populares para a transição política no país, para permitir o
levantamento de barricadas na capital, Cartum.
"Decidimos suspender
as negociações por 72 horas para preparar o terreno" para a conclusão de
um acordo sobre a transição, disse o general Abdel Fattah al-Burhane num
discurso transmitido pela televisão pública.
Durante o período de 72 horas, o líder do Conselho
Militar de Transição espera que se concretize o levantamento das barricadas em
Cartum, a reabertura de uma linha ferroviária que liga a capital ao resto do
país que, disse, foi bloqueada pelos manifestantes, assim como o fim das
provocações por parte dos manifestantes contra a polícia.
Durante
esta semana, as negociações entre o conselho militar, que lidera o Sudão desde
a destituição do ex-Presidente Omar al-Bashir, e as organizações civis que
lideraram os protestos contra o antigo chefe de Estado têm decorrido numa
"atmosfera mais otimista", com ambas as partes a concordar em vários
pontos.
Os
militares anunciaram mesmo um acordo com a oposição para um período de tês anos
de transição política.
Na
segunda-feira, o procurador-geral anunciou que o ex-Presidente Omar al-Bashir
destituído em 11 de abril e atualmente detido em Cartum, foi indiciado pela
"morte de manifestantes" durante os protestos contra o seu regime.
De
acordo com as organizações responsáveis pelos protestos, as autoridades
sudanesas terão matado cerca de 100 manifestantes durante os quatro meses de
contestação que levaram ao seu afastamento.
O
ex-chefe de Estado do Sudão Omar al-Bashir liderava o país desde 1989, quando
chegou ao poder através de um golpe de Estado.
Al-Bashir
é alvo de dois mandados de detenção emitidos pelo Tribunal Penal Internacional
por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos durante o
conflito em Darfur (oeste do Sudão).
De acordo com as Nações Unidas, o conflito causou mais de 300.000 mortos desde
2003 e obrigou cerca de 2,5 milhões de pessoas a abandonarem as suas casas.
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