Angola é dos países em que o consumo mais crescerá em África


As economias mais dinâmicas de África abrandaram bruscamente devido à crise do preço do petróleo, mas a consultora global McKinsey projecta um crescimento intenso do consumo interno do continente e Angola é um dos cinco países que contribuirão em 11% para esse acréscimo.

Angola é dos cinco mercados, situados em distintas zonas que mais vai contribuir para o aumento do consumo em África, tanto de particulares como de empresas, até 2025. Angola, Camarões, Côte d’Ívoir, República Democrática do Congo e Gana deverão contribuir, segundo o último relatório da unidade de pesquisa da consultora global McKinsey, com cerca de 11% do crescimento do consumo em África até 2025.
O McKinsey Global Institute, ligado à consultora McKinsey publicou uma nova edição do seu estudo sobre o continente intitulado ‘Lions on the move II: Realizing the potential of Africa’s economies’ (em português ‘Leões em movimento: Concretizando o potencial das economias africanas). Quando o Instituto McKinsey elaborou o seu primeiro estudo há seis anos o panorama era muito diferente. Quase todas as economias africanas experimentavam um crescimento acelerado. Hoje o continente não se apresenta tão heterogéneo.
A crise do petróleo atingiu severamente as economias africanas. O crescimento nas 11 economias que contribuem para 60% do produto interno bruto africano, que reúne os países exportadores de petróleo e aqueles em que se verificaram convulsões políticas que conduziram a mudanças de poder (nomeadamente o Egipto, a Líbia e a Tunísia, que viveram ‘primaveras árabes’), abrandaram bruscamente o respectivo crescimento. Mas as restantes economias do continente, ou seja, as outras 40%, aumentaram o seu ritmo de crescimento, passando dos 4,1% registados no período compreendido entre 2000 e 2010, para 4,4% nos últimos cinco anos, ou seja, entre 2010 e 2015.
O que não significa que as suas perspectivas de crescimento não se apresentem prometedoras. Há várias razões que levam o Fundo Monetário Internacional (FMI) a considerar que África será o segundo continente que mais crescerá até 2020. Entre essas razões contam-se a mais elevada taxa de urbanização do planeta (nos próximos 10 anos mais 187 milhões de africanos viverão em cidades), o continente apresentará a maior população em idade laboral do mundo (1,1 mil milhões de pessoas em 2034, mais que na China ou na Índia), possui as mais reservas do mundo de muito dos recursos estratégicos (60% das terras que não estão a ser aproveitadas, mas que são cultiváveis e as maiores reservas mundiais de vanádio e manganês).
O continente parece, por outro lado, querer ‘saltar’ sobre as velhas tecnologias para aderir às novas. Exemplo disso é a penetração dos smartphones: era de 18% em 2015, esperando- se, entretanto, que atinja 50% em 2020. Bom, mas estas são potencialidades, algumas delas comportando riscos, como o aumento acelerado da taxa de urbanização, que pode conduzir, caso os mercados não dêem uma resposta capaz de absorver os novos contingentes de mão-de-obra disponível, riscos no plano social.
Contudo, o relatório faz projecções. Prevê um aumento do consumo, de consumidores e empresas, dos actuais USD 4 mil milhões para USD 5,6 mil milhões em 2025. Ainda que, e um pouco em linha com a cada vez maior concentração da população em centros urbanos, cerca de metade do crescimento do consumo se localize em 75 cidades. De acordo com o documento, ‘espera- se que o consumo das empresas cresça de USD 2,6 mil milhões em 2015 para USD 3,5 mil milhões em 2025.
Os técnicos de McKinsey, assinalam que a procura interna tem um crescente peso no continente e que três quartos do aumento dessa procura poderá vir de empresas sediadas em África e acreditam que esta tem a oportunidade de quase duplicar a produção do sector transformador, dos actuais USD 500 mil milhões para USD 930 mil milhões em 2025.
Da industrialização acelerada esperada deverão resultar mudanças decisivas na produtividade e na criação de seis a 14 milhões de empregos estáveis nos próximos 10 anos, o que deverá representar uma prioridade para os diferentes governos. McKinsey & Company Africa tem presença em África há mais de 20 anos, a McKinsey & Company tem escritórios na Etiópia, Quénia, Marrocos, Nigéria, África do Sul e Angola. A McKinsey apresentou mais de 1.400 projectos pelo continente africano.
África precisa de grandes empresas
A nova base de dados da MGI de empresas em África — que a McKinsey diz acreditar ser a primeira do género — indica que o continente tem 700 empresas com receitas de mais de USD 500 milhões, das quais 400 têm receitas de mais de USD 1.000 milhões. Em Angola, das 107 analisadas, 41% das empresas tem receitas acima de USD 500 milhões, mas 59% factura menos de USD 500 milhões.
As empresas grandes em África estão a crescer rapidamente e são, em geral, mais lucrativas que as homólogas globais. No entanto, África (com exclusão da África do Sul) apenas tem 60 % das grandes empresas que poderíamos esperar, em comparação com outras regiões emergentes. Sendo que a média da receita anual de USD 2 mil milhões corresponde a metade do equivalente das grandes empresas no Brasil, Índia, México e Rússia.
Nenhuma empresa detida por africanos consta na Fortune 500. As 100 melhores empresas em África atingiram o sucesso desenvolvendo posições sólidas a nível interno, sobrevivendo na construção das suas actividades durante décadas, integrando o que outras empresas normalmente externalizariam e investindo na criação e retenção de talento. É possível atingir maior sucesso em seis sectores de grande potencial, com elevado crescimento, elevada rentabilidade e baixa consolidação: grossista e a retalho, alimentação e processamento agrícola, cuidados de saúde, serviços financeiros, indústria ligeira e construção.




Fonte: OPAÍS
Imagem: Reprodução

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