Teerão rejeita tese de Kiev que relaciona ataque ao desastre do Boeing
As autoridades iranianas rejeitaram hoje a tese
de que o desastre do Boeing 737 da Ukraine International Airline, ocorrido na
quarta-feira no Irão, esteja relacionado com um eventual ataque com mísseis,
afirmando que essa teoria "não faz sentido".
"Vários voos domésticos e internacionais voam ao mesmo tempo no
espaço aéreo iraniano à mesma altitude de 8.000 pés, e essa história de ataque
com mísseis (...) não podia estar mais incorreta", indicou o
Ministério dos Transportes iraniano, num comunicado.
"Esses rumores não fazem qualquer
sentido", prosseguiu a nota informativa, que cita o presidente da
Organização de Aviação Civil iraniana (CAO) e vice-ministro dos
Transportes, Ali Abedzadeh.
O
representante iraniano reagia desta forma às informações que estão a circular
nas redes sociais e em alguns 'media' norte-americanos de que o Boeing 737 da
companhia aérea privada ucraniana Ukraine International Airlines (UIA, na
sigla em inglês) teria sido atingido por um míssil disparado pela Guarda
Revolucionária do Irão.
A propósito
das caixas negras do aparelho, encontradas no mesmo dia do desastre
(quarta-feira), Ali Abedzadeh declarou
que "o Irão e a Ucrânia têm
os meios para descarregar as informações" que os aparelhos contêm.
"Mas,
caso sejam necessárias medidas mais especializadas para extrair e analisar as
informações, podemos fazê-lo
em França ou em outros países", afirmou o representante iraniano, num
momento em que foram divulgadas informações que dão conta de que Teerão está a
recusar o acesso às caixas negras do avião ao fabricante norte-americano
Boeing.
Sem
desmentir explicitamente tais informações, o comunicado do ministério rejeitou
"os rumores sobre a resistência do Irão em dar as caixas negras (...) aos
Estados Unidos".
O aparelho
Boeing 737 da companhia aérea privada ucraniana UIA descolou
quarta-feira de manhã da capital iraniana, Teerão, em direção à
capital da Ucrânia,
Kiev.
O avião
despenhou-se dois minutos depois da descolagem, matando as 176 pessoas
(passageiros e tripulantes) que estavam a bordo, a maioria de nacionalidade
iraniana e canadiana.
As
autoridades ucranianas, que enviaram para Teerão uma equipa de 45
investigadores para participar no inquérito em curso, avançaram hoje que estão
a investigar pelo menos sete possíveis causas do desastre, incluindo um
eventual ataque com mísseis.
"Estamos
a avaliar de forma minuciosa todas as teses, que são sete", indicou hoje,
em declarações à agência France-Presse (AFP), o
secretário do Conselho ucraniano de Segurança e de Defesa Nacional, Sergei Danylov.
Por
enquanto, "nenhuma é prioritária", precisou o mesmo representante
ucraniano.
Entre as
possíveis teses que estão a ser exploradas pelas autoridades da Ucrânia está
um possível disparo de um míssil antiaéreo contra o Boeing 737, a explosão de
uma bomba a bordo do aparelho, a colisão do avião de passageiros com um 'drone'
(aparelho aéreo não-tripulado) ou a deflagração de um incêndio no motor
"por razões técnicas".
Segundo os
primeiros elementos do inquérito da CAO, o voo da UIA despenhou-se
após um "problema" e um incêndio a bordo.
O Boeing 737
despenhou-se algumas horas depois do lançamento de 22 mísseis iranianos contra
duas bases da coligação internacional anti-'jihadista' liderada pelos Estados
Unidos, em Ain Assad e Erbil,
no Iraque, numa operação de retaliação pela morte do general iraniano Qassem Soleimani num
ataque em Bagdad ordenado
por Washington na sexta-feira passada.
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