Ministro angolano quer IVA em outubro porque país está a perder receitas
O ministro das Finanças de
Angola defendeu hoje que o código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)
deve começar a ser aplicado em outubro, porque o país já está a perder receitas
desde julho.
Archer Mangueira,
que não quantificou a perda, falava durante a discussão na especialidade da
Assembleia Nacional da Proposta de Lei de Alteração do Código do Imposto sobre
o Valor Acrescentado.
A posição do ministro foi expressa diante da tese dos
deputados, maioritariamente da oposição, que defendem o início da implementação
do IVA apenas em janeiro de 2020, para dar mais tempo de preparação das
empresas.
"Nós
já estamos a registar uma perda de receitas, já registamos em julho e vamos
continuar a registar nos meses seguintes. Também dizer que, quanto menos
receitas nós temos, mais deixamos de fazer despesa", referiu o ministro.
Durante
o debate, o deputado Lindo Bernardo Tito questionou em quanto perderá o Estado
se "deixar que a lei entre em vigor no dia primeiro de janeiro de
2020".
"O
Estado perderá tanto? Quantas receitas deixará de obter, que não obteve desde
que a lei orçamental do exercício atual foi aprovado. Acho que teríamos tempo
também, como defendem os contabilistas e alguns empresários para que organizem
do ponto de vista contabilístico e também do ponto de vista de equipamento
informático", disse o deputado.
Sobre
o ponto de vista do deputado, Archer Mangueira respondeu que a questão da
faturação eletrónica é crítica para o sucesso de implementação do IVA,
salientando que 183 softwares já solicitaram a sua certificação junto da
Administração Geral Tributária (AGT) e desse número 103 já foram validados, bem
como oito das dez gráficas foram já certificadas.
"São
alguns números que evidenciam bem o estado de preparação organizacional para a
implementação do IVA e o foco deve ser para os que entrarão no regime geral (os
grandes contribuintes)", salientou Archer Mangueira.
Segundo
o governante angolano, 133 empresas que não pertencem à classe dos grandes
contribuintes e teriam ainda 18 meses de preparação, já manifestaram adesão ao
regime geral.
O
titular da pasta das Finanças disse que ainda que a escolha do mês de outubro
foi consensual e "não resulta de uma indicação pura do executivo".
"Nessa
fase de continuidade de consultas aos empresários, concluímos, em consenso,
feito o levantamento do estado organizacional, tanto da AGT tanto das empresas,
que a data de consenso seria 01 de outubro", frisou.
Archer
Mangueira disse todo o processo começou em 2011, com a reforma tributária e não
com a preparação da lei de implementação do IVA, que teve início há cerca de
dois anos, lembrando que a sua aplicação será faseada.
"Neste
primeiro momento, nós temos o regime geral, que é um regime em que só estão
abrangidos os grandes contribuintes, e para os grandes contribuintes, além da
organização contabilística implícita, nós contamos com cerca de 4.000
contabilistas", disse.
Na
sua intervenção, a deputada da União Nacional para a Independência Total de
Angola (UNITA), Albertina Ngolo, disse que é importante a aplicação do IVA para
o país, mas três meses de preparação "não são suficientes".
"A
lei está perfeita, tudo bem, mas a implementação, eu penso, sinceramente, em
três meses, os órgãos que devem intervir, os próprios contribuintes não estão
preparados ainda para entrar nesse sistema e aqui o exemplo muito sério é o
processo da faturação", referiu.
Na
sua intervenção, o ministro questionou se "o melhor não é começar agora e
ao longo dos 18 meses se ir aperfeiçoando".
"É
melhor começarmos agora", defendeu Archer Mangueira, apelando à
solidariedade dos deputados, "para que todo o esforço que está a ser feito
pelo Executivo no sentido, não tanto de aumentar a carga fiscal, mas de alargar
a base tributária, possa ter a vossa colaboração".
Sem comentários: