Estudantes desistem da universidade em virtude da crise


Só no presente ano lectivo, mais de 500 estudantes universitários abandonaram a sua formação académica por razões financeiras, segundo dados da Associação dos Estudantes das Universidades Privadas (AEUPA).
Por motivo das elevadas taxas das propinas, os estudantes das universidades privadas são os que acusam o mais elevado índice de desistências do ciclo formativo por já não terem capacidade financeira para manter as despesas inerentes à sua formação.
Em declarações ao OPAIS, Rodrigo Paxi, responsável para a área académica, emprego e formação profissional da AEUPA, referiu que, são cada vez mais frequentes os casos de abandono escolar devido a difícil situação financeira da maior parte das famílias resultantes da crise económica que actualmente se vive.
Actualmente, conforme avançou, o número já ultrapassou os 500 estudantes de instituições públicas e privadas. Porém, neste ritmo, Rodrigo Paxi admite que esse número poderá aumentar nos próximos dias, pelo que sugere uma intervenção do Estado no sentido de se encontrar saída urgente.
“A maior parte dos alunos que lotam as universidades provêm de famílias com rendimentos modestos. E na actual conjuntura económica, os agregados não estão a aguentar a pressão”, frisou, sublinhando ainda que, para além das propinas mensais, os estudantes têm custos com o transporte, a elaboração de trabalhos e outras actividades que acarretam custos. Para Rodrigo Paxi, o actual cenário critico que a comunidade académica agora vive  poderia ser evitada caso as universidades evitassem subir o custo das propinas.
“Se as instituições mantivessem os valores das propinas antigas acho que não estaríamos viver essas dificuldades. Lutamos muito, no início do ano lectivo, para que não se avançasse com esta medida, infelizmente não fomos ouvidos”, lamentou. No entanto, no início do ano lectivo, as instituições do ensino superior pensaram em subir o preço das mensalidades, apontando a crise económica que o país atravessa como estando na base dessa medida.
A situação gerou controvérsia no seio dos estudantes que não concordaram com a ideia. Assim, com vista colocar ordem na situação, o ministério do Ensino Superior definiu que as instituições deviam aumentar o preço das propinas para até 10 por cento ou num valor que não ultrapasse os 39 mil Kwanzas. Apesar dessa orientação do órgão de tutela, algumas instituições aplicaram o valor da propina acima do estipulado, com preços que ultrapassaram mesmo os 40 mil kwanzas. No entender de Rodrigo Paxi, o preço de muitas dessas universidades não é proporcional à qualidade do trabalho que prestam. “Não fica bem uma universidade cobrar caro quando não oferece qualidade de ensino e infraestruturas de apoio ao desenvolvimento académico do seu aluno. É que não faz sentido”.
Encontro para reflectir os problemas
Com vista avaliar estas e outras preocupações, a AEUPA realiza, na próxima Terça-feira, 11, na cidade do Uíje, o 5º encontro nacional dos estudantes universitários onde vão participar mais de 150 discentes provenientes das 18 províncias do país. De acordo com Rodrigo Paxi, a ideia do certame é congregar a comunidade académica num espaço comum para se discutir as grandes questões que constituem empecilhos ao sucesso escolar.
A qualidade do ensino superior e o fomento de condições para a estimular a criatividade dos estudantes, são das grandes linhas a abordar no encontro. “Pretendemos reflectir o país no seu todo. E os estudantes têm essa responsabilidade de participarem, com o seu saber, no desenvolvimento, apesar da crise que estamos a viver”, atestou.



Fonte: OPAÍS
Imagem: Reprodução

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