PAICV alerta para falhas nas políticas do Governo


O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal partido na oposição, acusou, ontem, na cidade da Praia, o Governo de ter aumentado a dívida pública desde que chegou ao poder, e com isso agravou o quadro geral do país.

Para o PAICV, que esteve no poder durante 15 anos, o governo está a tentar mostrar trabalho ali onde devia apenas seguir o caminho para dar maior sustentabilidade a políticas bem delineadas e programas seguros, mas não está a preferir políticas que aumentam desemprego e o custo de vida. A dívida pública, segundo PAICV, passou dos 121 por cento para 126 do Produto Interno Bruto (PIB), uma situação que esteve sob controlo nos últimos anos, quando foi governo.

Ao reagir, em conferência de imprensa, aos resultados da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Cabo Verde, concluída última semana,  o vice-presidente do PAICV, José Veiga, disse que, por altura da discussão do Orçamento de Estado no Parlamento, em Junho, o Governo apontava para um endividamento do país na ordem dos 124 por cento, tendo sublinhado que o compromisso era baixar a dívida e não a aumentar.


“O compromisso assumido com os cabo-verdianos foi de promover a redução da dívida pública (e não promover o seu aumento), com o argumento de que o país estava excessivamente endividado, que a dívida não era sustentável e que isso afectava negativamente a dinâmica económica”, disse José Veiga, que considerou que as conclusões do FMI vieram comprovar a tese, sempre sustentada pelos Governo do PAICV, de que “o endividamento de Cabo Verde foi analisado, planificado e avalizado pelos principais parceiros internacionais”.


“E sendo concepcional, com prazos dilatados de pagamento e baixas taxas de juro, se revelou uma grande janela de oportunidades para garantir a infra-estruturação do país”, acrescentou José Veiga.


O vice-presidente do PAICV, José Veiga, considera que as conclusões da missão do FMI deixaram ainda claro que as estimativas da maioria de crescimento da economia a 7 por cento por ano foram um expediente eleitoral.


“Depois de ter adoptado como uma das suas bandeiras de campanha, o crescimento de 7 por cento do PIB para o ano, de modo a gerar cerca de nove mil empregos, mostram que o Governo assumiu que enganou os cabo-verdianos”, acusou José Veiga. O PAICV atacou, também, declarações do ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, que admitiu dificuldades em fazer crescer a economia a esses níveis.


Ao comentar os resultados da missão do FMI, Olavo Correia admitiu dificuldades em pôr a economia cabo-verdiana a crescer em média sete por cento por ano, mas assegurou que o Governo está a trabalhar para alcançar essa meta.


O maior partido na oposição assinala que é o próprio FMI que vem alertar os cabo-verdianos que as projecções de crescimento do país vão se situar entre os 3 por cento e os 4 por cento demonstrando que as contas do MpD, partido no poder, estavam e estão erradas.


Ao fazer o balanço no final de duas semanas em Cabo Verde, o chefe da missão do FMI, Ulrich Jacoby, reconheceu que a economia cabo-verdiana começa a dar sinais de recuperação, mas  mostrou-se preocupado com a situação financeira das empresas públicas, pelo que recomendou urgência numa solução que pare “a drenagem de recursos do orçamento de Estado”.


O Governo cabo-verdiano é apoiado pelo Movimento para a Democracia (MpD), partido vencedor das eleições legislativas de 20 de Março, e o primeiro-ministro, Ulisses Correia, garantiu que está a fazer de tudo para evitar uma crise económica gerra pelo PAICV.




Fonte: Jornal de Angola
Imagem: Reprodução

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