OPEP decide cortar produção e preço do petróleo dispara
Nem a decisão quanto a um possível ‘congelamento’ do preço do petróleo era esperada, mas a OPEP decidiu-se ontem, em Argel, num encontro informal, por um inesperado corte na produção. Uma decisão que deverá ser formalizada no final de Novembro, na reunião ordinária da organização. O resultado foi que o preço do barril de crude subiu mais de 5% em poucas horas, aproximando-se de USD 49 ao início da noite de Luanda.
Pela primeira vez em oito anos a OPEP , Organização dos Países Exportadores de Petróleo, responsável por cerca de 40% da oferta mundial da matéria-prima, decidiu, de acordo com fontes da organização, fazer recuar a produção para 32,5 milhões de barris por dia, cerca de 750 mil barris abaixo da produção do conjunto dos seus membros em Agosto. A notícia da decisão, que ontem foi tomada na capital argelina, colheu de surpresa o mercado e a maioria dos analistas, foi avançada pelas agências internacionais citando fontes da reunião.
A meio da tarde de ontem circulava nas agências internacionais que a decisão quanto ao ‘congelamento’ da produção ou outra medida que estancasse a queda do preço do crude fora adiada para o final de Novembro, altura em que a OPEP realizará a sua reunião ordinária em Viena, Áustria. Afinal a reunião vai formalizar o corte ontem decidido O desfecho era, de facto, imprevisível, até porque corria a informaçãode que a Arábia Saudita e o Irão haviam chegado à conclusão de que se encontravam a 600 mil barris de um entendimento.
Esses 600 mil barris correspondem à diferença entre aquilo que a Arábia Saudita considerava que os iranianos deveriam produzir (3,6 milhões de barris por dia) e aquilo que Teerão entendia ser justo recuperar na produção, após o termo das sanções que incidiram sobre o país (4,2 milhões de barris diários). Embora não se esperasse uma conclusão da reunião só as conversas tidas entre os grandes protagonistas das divergências que impedem a tomada de medidas para estabilizar o mercado petrolífero segurava, ao inicio da tarde desta Quarta-feira, o preço do barril acima de USD 50.
A medida que estava em cima da mesa era ‘o congelamento’ da produção de toda a OPEP, a que Angola pertence,e que já fora ensaiada por duas vezes este ano em Doha, no Qatar, em encontros que reuniram Arábia Saudita e Rússia, os dois maiores produtores mundiais, a par dos Estados Unidos, que precisam de preços elevados para viabilizar a sua produção petrolífera, obtida a partir da fractura do xisto. Não se esperava, com efeito, que a organização dos países exportadores voltasse a deitar mão do seu dispositivo tradicional, a imposição de um tecto de produção que garante, na prática, cortes na produção, jogando com a procura e com a oferta para obter um preço favorável do barril. A produção de petróleo, dentro e fora da OPEP, tem vindo a aumentar.
O preço vem repetindo as recaídas para USD 45 e há vários factores (como a possível recuperação das produções líbias e nigerianas) que levavam a generalidade dos analistas a pensar que se aproximaria, se nada fosse feito, de USD 40, podendo inclusive descer ainda mais. Na verdade, antes da decisão de ontem da OPEP os preços encontravam-se à beira do precipício e que a acentuação da queda colocaria algumas economias petrolíferas em estado ainda mais crítico, com 2017 a ser igual ou pior que 2016.
A decisão de ontem representa uma viragem de 360 graus relativamente às posições assumidas antes da reunião. O ministro iraniano do Petróleo, Bijan Namdar Zanganeh, avisara, Terça-feira, que iria participar num encontro da OPEP com carácter meramente ‘consultivo’. O barril de Brent, referência das ramas angolanas, cotava perto de USD 49 ao início da noite em Luanda.
Fonte: Opaís
Imagem: Opaís
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