Angola LNG volta ao activo pondo fim a longo período de sucessivas avarias
Num período difícil para as contas da Sonangol, a retoma da produção do complexo Angola LNG, onde esta detém 22,8 por cento, pode ser a rampa de lançamento para o reequilibrar das contas da petrolífera angolana. Analistas internacionais e a imprensa especializada apontam que o complexo voltará ao activo nos próximos dias, depois de um longo historial de acidentes que o mantiveram "em baixo" meses a fio.
O complexo Angola LNG, no Soyo, encerrado há alguns meses para manutenção, depois da ocorrência de um acidente grave nas suas instalações, vai regressar à sua plena laboração em finais deste mês, divulgou a imprensa especializada citando fontes da companhia que produz e exporta gás natural em Angola
Depois de um historial de sucessivos problemas, este gigantesco investimento na produção de Gás Natural Liquefeito em Angola, segundo a Interfax Natural Gas Daily, vai retomar a actividade sem novos atrasos.
Recorde-se que este projecto esteve parado durante vários meses devido a problemas relacionados com alegadas falhas de construção que provocaram um incêndio grave no sistema interno de transporte da matéria-prima.
Com este retomar da actividade, é esperado que a Angola LNG possa exportar de novo uma carga em cada período de 10 dias.
No entanto, ainda segundo a Interfax Natural Gas Daily, a Chevron, que detém a maior parte do capital da empresa, anunciara que a "planta" estaria a produzir de forma sustentável no último quadrimestre de 2016, o que não deverá acontecer.
Para além da Chevron, com 36,6 por cento, a Angola LNG é ainda detida pela Sonangol (22,8%) e as empresas BP, ENI e Total, com 13 por cento do capital cada.
A Interfax Natural Gas Daily, depois de lembrar que a Chevron comanda a Angola LNG, avança que o projecto angolano é essencial para que esta empresa possa equilibrar as suas contas nesta área, tendo em conta que a sua LNG na Austrália, a Gorgon, tem tido maus resultados devido a várias falhas, o que levou o gigante norte-americano a encerrar as instalações australianas em Julho para profunda intervenção.
Isto permite ter como facto que a Chevron, nas duas "plantas" LNG que controla, em Angola e na Austrália, enfrenta problemas muito similares, apesar de se tratar de duas plantas com distintas capacidades de produção, tendo a angolana 5.2 mpta (milhões de toneladas por ano), chegando australiana às 15.6mpta.
O impacto destas duas unidades problemáticas na Chevron é já evidente no valor das suas acções em bolsa, tendo passado dos 102.2 dólares para os 99.5 em escassos meses.
No entanto, os analistas apontam como principal interessado no sucesso da Angola LNG a Sonangol, que, com os seus 22.8 por cento do capital, espera a rentabilização desta unidade para equilibrar as contas e deixar de caminhar em direcção à bancarrota.
A Angola LNG deverá chegar a uma situação sustentável com a venda a 11 USD por MMBtu, que é a unidade de medida internacional para o gás natural liquefeito e que mensura o seu potencial energético, o que ainda não é o caso, permitindo levantar algum receio para o seu futuro.
Giles Farrer, director da Global LNG na consultora Wood Mackenzie, estima que "o que Angola carece agora é conseguir um extraordinário desempenho operacional", adiantando que existe "uma perspectiva cautelosa mas optimista" enquanto se aguarda a evolução do projecto do LNG em Angola nos próximos meses, porque isso pode ser decisivo para a Sonangol estancar as suas severas perdas nos últimos tempos.
Isto, porque, ainda segundo analistas, novos projectos nesta área em Angola só poderão ser avaliados em função do que acontecer no Soyo, o que será um indicador da segurança para novos investimentos na produção de LNG no país.
A este facto, acrescenta-se outro que é transversal a toda a economia angolana: sair da crise em que se encontra é essencial para os investidores internacionais voltarem a olhar para o país com vontade de nele meterem o seu dinheiro.
Os primeiros carregamentos do Angola LNG deverão, segundo a imprensa especializada, seguir para a Europa devido à fraca procura nos outros continentes.
Fonte: Novojornal
Imagem: Novojornal
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