Fundador da BitcoinTrade cria plataforma para 'tokenizar' ativos do mundo real
Daniel Coquieri desenvolve plataforma de security tokens que pretende transformar ativos reais em tokens em blockchain: de dívidas à jogadores de futebol
Daniel Coquieri é um reconhecido empreendedor do setor de criptoativos e blockchain do Brasil. Fundador da exchange BitcoinTrade, que rapidamente se tornou uma das maiores do país, ele deixou a empresa na negociação de aquisição pela argentina Ripio. Agora, já em uma nova empreitada, tem planos ambiciosos: "tokenizar tudo".
Junto com dois sócios, Coquieri criou a Purus, uma plataforma de lançamento e negociação de security tokens que será inaugurada no final do mês de abril. "Quando a BitcoinTrade foi vendida, já tinha minha saída definida. E, desde então, tenho trabalhado nesse projeto, cujo objetivo é transformar ativos do mundo real, otimizando sua negociação, gerando liquidez e permitindo acesso à produtos novos e atraentes para os investidores", explicou.
Security tokens são ativos digitais que circulam em blockchain e representam ativos de investimento reais, como títulos, dívidas, debêntures, ações ou quaisquer outros. Dois exemplos famosos de security tokens brasileiros são o ReitBZ, lançado pelo BTG Pactual em 2019 e cujos tokens representam cotas num fundo de investimento em imóveis; e o Vasco Token, lançado pelo Mercado Bitcoin e que representam direito de crédito sobre transações de jogadores formados no clube carioca.
A tokenização de direitos de jogadores de futebol, inclusive, é um dos focos da nova plataforma. "Nosso foco está na tokenização em quatro frentes: investimento em startups, direitos de clubes de futebol, dívida e antecipação de recebíveis, e imóveis", disse Coquieri, que garante ter três produtos já confirmados para o lançamento da plataforma, inclusive um em parceria com um famoso clube de futebol brasileiro.
Apesar do produto inovador e dos benefícios intrísecos aos security tokens, Daniel Coquieri sabe que o novo modelo de negócios terá que superar pelo menos dois obstáculos: regulação e educação.
Sobre o primeiro ponto, ele explicou: "Como diz o nosso slogan, amanhã vai ser tudo token. Mas a gente sabe que isso é amanhã, não hoje. Para chegar nesse ponto, precisamos, primeiro, avançar em termos de regulação. Ao mesmo tempo, é a inovação que empurra o regulador. As iniciativas do BTG e do Mercado Bitcoin foram muito importantes nesse sentido, mas ainda há avanços a serem feitos", disse, completando que a Purus é uma das empresas candidatas a participar do sandbox regulatório da CVM, o ambiente de testes para fomento à inovação criado pela autarquia.
Em relação à educação, o empresário afirma que se trata de um modelo de negócios novo, ainda pouco explorado e pouco conhecido pelo grande público, o que exige conscientização para criação de demanda: "A solução é educar, ensinar. Mostrar os riscos, os benefícios, mostrar que é uma solução melhor. E, claro, ter bons produtos. Porque a tecnologia é boa, mas a oferta tem que ser melhor".
A "tokenização" de ativos do mundo real é uma tecnologia capaz de provocar grandes mudanças no mercado de capitais, pois reduz a burocracia e facilita o acesso e a criação de novos produtos de investimento — o que é positivo para emissores e investidores. Os exemplos já realizados no país mostram o potencial desse novo modelo, que deve ganhar cada vez mais força, conforme novas empresas e novos produtos forem lançados.
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