Ministro Manuel Nunes Júnior nega envolvimento na transferência de 500 milhões de dólares do BNA

Luanda - O actual ministro de Estado para o Desenvolvimento Económico angolano negou ontem em tribunal qualquer contacto directo com o processo que originou a transferência de 500 milhões de dólares do Banco Nacional de Angola (BNA) para o exterior.




Manuel Nunes Júnior, que foi hoje ouvido na 20ª sessão de discussão e julgamento deste processo conhecido como “500 milhões”, começou por justificar a sua ausência em pelo menos duas sessões, alegando que não recebeu nenhuma notificação.

O ministro, que chegou ao tribunal com mais de uma hora de atraso, disse ter tomado conhecimento de que deveria prestar declarações pela imprensa, tendo apenas comparecido por respeito à instituição.

Por sua vez, o juiz João da Cruz Pitra, lamentou "a forma" como o governante "foi trazido para tribunal”, afirmando que foram feitas diligências para a sua notificação, sem conseguir justificar o que se terá passado para o sucedido.

O caso envolve uma suposta transferência indevida de 500 milhões de dólares (cerca de 458 milhões de euros) do Estado angolano para um banco no exterior do país, em que são arguidos o ex-governador do BNA, Valter Filipe, o antigo presidente do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno “Zenu” dos Santos, o empresário angolano Jorge Gaudens Sebastião, e o então director do Departamento de Gestão de Reservas do BNA, António Bule Manuel.

À testemunha foram colocadas três questões pelo advogado Sérgio Raimundo, defensor de Valter Filipe, sobre em que qualidade participou na audiência, a 17 de setembro de 2017, com o ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos e os promotores do investimento, se tinha sido apresentado aos promotores como a pessoa que, no futuro Governo, iria dar continuidade ao processo e se foi instruído por José Eduardo dos Santos no sentido de informar o seu constituinte e dar-lhe cópia do dossiê.

Em resposta, Manuel Nunes Júnior disse ter estranhado também o convite para participar na referida audiência, tendo em conta que naquela altura não ocupava nenhuma função no Governo, sendo apenas o presidente da 5.ª comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional.

A testemunha acrescentou ainda que não é verdadeira a afirmação de que foi apresentado aos promotores como a pessoa que no futuro Governo iria dar continuidade ao processo, salientando que o ex-Presidente angolano referiu apenas que ocuparia funções de coordenação económica no futuro Governo.

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