Príncipe Harry inicia no Dirico jornadas de apoio à desminagem


O Príncipe Harry desembarca em Angola no próximo dia 27 de Setembro, no município do Dirico, província do Cuando Cubango. O membro da família real britânica vem avaliar o andamento do processo de remoção de minas pessoais e anti-tanque naquela circunscrição, num trabalho a cargo da operadora de desminagem inglesa The Halo Trust.



Contactado por telefone, o administrador municipal do Dirico, Armando Camahia, disse que recebeu por via do Governo da província a comunicação oficial da chegada do Principe. Acrescentou que, além da visita ao campo minado, Harry vai também proceder à destruição dos engenhos ali removidos.


De acordo com o administrador municipal, técnicos locais, com o apoio da população, realizam campanhas de limpeza e embelezamento da pista de aterragem das aeronaves, das artérias da vila de Dirico e fachadas dos edifícios, para uma recepção calorosa do visitante.

Armando Camahia disse que a administração vai solicitar ao príncipe Harry mais apoios ao processo de desminagem do município do Dirico e ajuda na construção de estradas para facilitar a circulação de pessoas e bens entre as distintas co-munidades e na ligação com as sedes municipais do Ca-lai e Cuangar, ao longo da fronteira com a República da Namíbia.

Com uma extensão territorial de 18.590 quilómetros quadrados, o Dirico tem uma população de cerca de 41 mil habitantes, cuja actividade principal é agricultura de subsistência, a pastorícia e a pesca. O município é limitado, a Norte, por Mavinga, a Este pelo Rivungo, a Sul pela República da Namíbia e a Oeste pelo município de Calai.
Durante a guerra civil em Angola, a sede municipal do Dirico e as comunas de Xamavera e Mucusso permaneceram durante muitos anos sob controlo da Unita e era a principal porta de entrada de todo apoio logístico que os guerrilheiros das FALA recebiam das forças do regime do apartheid que ocupavam ilegalmente a Namíbia.

Acidentes fatais

A operadora de Desminagem Britânica “The Halo Trust” suspendeu, no dia três de Agosto do ano em curso, as suas operações no município do Cuíto Cuanavale, província do Cuando Cubango, por falta de financiamento. Pelas mesmas razões, os trabalhos de remoção de minas no Cuchi e Mavinga encontram-se paralisados, há cerca de dois anos. O chefe da base da Hallo Trust no Cuando Cubango disse que os municípios do Cuíto Cuanavale e de Mavinga, juntos, representam, actualmente, a maior concentração de minas em Angola, que precisam de ser removidas.

"Temos identificado até agora um total de 214 campos de minas, em toda a extensão da província, que precisam de ser removidas com celeridade, tendo em atenção o risco que estas representam para a população", disse José António. Em Maio último, um membro da comunidade San morreu ao ter accionado uma mina e, há dois anos, um técnico da The Halo Trust ficou sem um dos membros superiores, pelas mesmas causas. Em Julho deste ano, um grupo de madeireiros foi atingido por estilhaços, quando o tractor em que seguiam accionou uma mina anti-pessoal, tendo provocado ferimentos ligeiros aos seus integrantes. Também há relatos da morte de gado bovino por causa de minas.

José António explica que, devido à crise financeira internacional, que atingiu o auge em 2015, a The Hello Trust viu-se forçada a reduzir a sua capacidade operacional, estando apenas a realizar trabalhos de desminagem ao redor do aeroporto Comandante Kwenha, Caiúndo, Cambinda Camanjolo (Município de Menongue), Savate (Cuangar) e ao redor da sede municipal do Dirico.

Nestas mesmas localidades, no período entre Janeiro e 31 de Agosto do ano em curso, a The Halo Trust desminou uma área total de 331805 metros quadrados, de que resultou na remoção de 81 minas anti-tanque, 569 anti-pessoais e a destruição de 701 uxos (engenhos explosivos não detonados).

Operações em risco

As operações acima descritas estão a ser financiadas pelo Governo britânico, que disponibilizou ao país cerca de dois milhões de dólares, para um período de dois anos, e do Governo japonês, que concedeu USD 400 mil, para 12 meses. Os dois financiamentos terminam já em Março de 2020 e se até lá não houver outro financiador, a The Halo Trust poderá paralisar as suas actividades no Cuando Cubango.

"As nossas prioridades são de carácter humanitário. Estamos a trabalhar com as comunidades afectadas com o problema de minas, bem como a conduzir pesquisas junto dessas mesmas comunidades para que possamos obter mais informações sobre campos minados, paióis de armamento ou outros engenhos explosivos, que, eventualmente, tenham sido abandonados nas matas", acrescentou José António.

A par das dificuldades financeiras, acrescentou, a operadora de desminagem também vive o problema da falta de viaturas. "A actual frota de marca Land Rover, que é bastante robusta para o tipo de relevo do Cuando Cubango, data desde 2002 e está cada vez mais obsoleta. Algumas viaturas ainda circulam graças à perspicácia dos técnicos.

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