Os bastidores de uma tensa reunião entre os donos de times que pode mudar as regras do mercado
Quando o conselho de diretores da NBA se reuniu no início do mês em Las Vegas, as cabeças dos
donos de times estavam girando em meio a um turbilhão de trocas e novos
contratos que, de fato, mudaram a realidade da liga em questão de horas.
Os homens e mulheres poderosos, alguns com os dentes cerrados
e outros de braços abertos, se faziam duas perguntas bastante básicas, mas
igualmente importantes: que diabos acabou de acontecer? E o que devemos fazer
sobre isso?
Em
poucos dias, a liga abriu uma investigação centrada nos primeiros acordos de free
agency reportados, disseram fontes ao ESPN.com.
A investigação está se desenvolvendo. A expectativa é que sejam feitas
entrevistas com jogadores e possivelmente agentes e funcionários das equipe
envolvidas, disseram fontes. Ela também abordará outras questões que foram
levantadas na reunião do conselho de diretores descrita abaixo - incluindo
métodos de contornar o teto salarial para fornecer benefícios extras às
estrelas.
A
liga pode atribuir punições se julgar um time culpado de tampering -- aliciar,
convencer ou, em alguns casos, fazer contato com jogadores, técnicos ou
executivos que estejam sob contrato com outra franquia -- até o dia 30 de
junho, às 17h, horário de Brasília. A partir daí, os times podem falar com os
agentes livres. Antes disso, não.
A investigação veio após uma reunião tensa dos donos,
que várias fontes descreveram à ESPN. Dono do Charlotte Hornets, Michael Jordan
falou com o chefe do comitê de trabalho e discutiu a possível necessidade de
revisitar as regras da free agency no próximo acordo de negociação coletiva,
disseram fontes.
Marc
Lasry, co-proprietário do Milwaukee Bucks, falou de sua
preocupação com as "áreas cinzentas" da regra de tampering; claro que
todos entenderam a sua preocupação , afinal, Giannis Antetokounmpo se tornará
agente livre dentro de duas temporadas. Outros donos expressaram frustração
pelo fato de alguns acordos terem aparentemente sido fechados bem antes do
início oficial da free agency.
O
comissário Adam Silver fez questão de que as queixas fossem feitas abertamente,
disseram as fontes, quando ficou claro durante a reunião de dois dias no Wynn
Hotel que o clima estava pesado. Sim, é verdade que a NBA teve reuniões mais
pesadas ao longo dos anos, mas não estamos falando de uma reunião rotineira de
verão.
Em meio a isso, Rick Buchanan, conselheiro geral de
longa data da NBA, emitiu uma mensagem imparcial, porém séria, para todos ali.
Buchanan
disse aos diretores que, como parceiros, eles tinham o direito de esperar que
todas as equipes obedecessem a um conjunto comum de regras aplicáveis à free
agency - e que o escritório da liga voltaria com uma proposta de um conjunto
revisado de regras que seria estritamente reforçado. Ele perguntou ao grupo se
eles estavam confortáveis com a liga "apreendendo servidores e
celulares", uma fala que impactou vários presentes, de acordo com fontes que
relataram a cena mais tarde.
O
tom de Buchanan não era ameaçador ou agressivo. Ele parecia estar oferecendo
orientação: é assim que a fiscalização
rígida pode soar.
No
passado, quando a NBA vetou acordos que não respeitavam as regras - o contrato
anulado de Juwan Howard com o Miami Heat em 1996 e o contrato de Joe Smith
com o Minnesota Timberwolves em 1999 foram citados - foi resultado de investigações
como essa.
Isso
aconteceu antes, e poderia acontecer de novo. Com jogadores que valem,
basicamente, centenas de milhões de dólares, isso nunca foi mais importante.
Entre os assuntos específicos discutidos durante as
reuniões em Las Vegas:
•
A possibilidade de permitir que as equipes conversem com agentes livres e seus
representantes imediatamente após o término das Finais da NBA, mesmo se ainda
houver alguma moratória sobre a realização de acordos oficiais até algum tempo
determinado após o draft.
Executivos
e agentes relatam que a free agency agora começa de forma não oficial na
reunião de maio. Então, se algumas equipes estão conversando com os jogadores
dias ou semanas antes de 30 de junho, então deixe que todos façam isso
abertamente. É claro que algumas equipes podem se sentir tentadas a começar
antes do término das finais.
•
Uma versão mais radical dessa mesma mudança geral: conduzir a free agency,
contratações e tudo mais, antes do draft da NBA. Mas essa mudança, embora
prática, pode não ser imediata.
O Houston Rockets propôs
formalmente essa mudança no ano passado. Quando a liga entrevistou as 30
equipes neste mês, apenas 10 apoiaram, embora várias tenham respondido que não
se importavam, disseram fontes familiarizadas com os resultados da pesquisa.
•
Na falta de mudanças mais extremas, há apoio entre muitas equipes para reduzir
a atual moratória nas contratações oficiais -- que vai de 30 de junho a 6 de
julho. O principal obstáculo a qualquer redução da moratória tem sido a
necessidade da liga de contabilizar todas as receitas do ano fiscal anterior, e
definir com precisão o limite salarial para a próxima temporada.
•
Se os jogadores podem continuar a se recrutar livremente, faria sentido que as
equipes tivessem mais tempo de negociação e formas de se comunicar com agentes
livres iminentes.
A
constituição da liga permite que Adam Silver multe e suspenda qualquer jogador
que cometa o tampering, citado anteriormente. A liga tem essencialmente punido
na aplicação dessas regras. Algumas pessoas importantes no círculo da NBA
consideram isso invasão de privacidade.
LeBron James e Anthony Davis devem poder jantar e
conversar. Draymond Green admitiu entrar em contato com Kevin Durant enquanto
Durant ainda era, tecnicamente, um membro do Oklahoma City Thunder. Monitorar tal
conversa é impraticável a ponto de ser impossível. E ir atrás disso de maneira
forçada vai levantar uma quantidade gigantesca de perguntas.
Talvez
as equipes devessem ter mais liberdade para conversar antes com seus próprios
free agents iminentes e seus representantes, sem precisar encobrir a conversa
com a desculpa de que vai oferecer uma extensão de contrato.
Só que tem um problema aí. O mesmo agente pode
representar aquele jogador e outros jogadores em outras equipes que se tornarão
agentes livres irrestritos. As discussões sobre o primeiro podem naturalmente
levar a conversas informais sobre o segundo, e assim por diante. A NBA pode
confiar que as duas partes manterão sigilo de assuntos sobre outros jogadores e
times? Ela vai estar no meio dessas discussões para se certificar de que estão
fazendo?
Talvez,
os GMs deveriam poder falar com um free agent iminente e seu agente assim que a
temporada do seu time terminar -- seja no fim da temporada regular ou quando o
seu time for eliminado dos playoffs.
Isso
pode colocar em desvantagem times que que chegam até as finais de conferência e
em diante -- que, por razões óbvias, estão preocupadas com outras coisas que
não a free agency. Kawhi Leonard e Kevin Durant, dois dos maiores agentes
livres da última temporada jogaram as Finais.
•
Não são apenas equipes reclamando, a propósito. Até mesmo agentes poderosos
registraram preocupações sobre o momento da free agency para o sindicato e o
escritório da liga, segundo várias fontes. Agentes e jogadores também se
beneficiam de um ponto de partida conhecido e concreto para a free agency. Se
alguns acordos são feitos mais cedo, significa que os times que "estão
fazendo a coisa certa" nem terão a chance de falar com os melhores
•
Um item discutido de forma aberta e explícita: familiares de jogadores estavam
quase atuando como agentes e pedindo benefícios fora do âmbito do acordo
coletivo de trabalho. Foi noticiado em Toronto que o tio e grande conselheiro
de Kawhi Leonard fez isso, e as conversas estremeceram.
Alguns
sugeriram que qualquer membro da família que atuasse como representante de um
jogador deveria passar pelo processo de certificação do sindicato para agentes,
disseram as fontes.
Buchanan distinguiu qualquer situação em que uma
equipe contornasse o teto salarial para fornecer aos jogadores principais
benefícios extras: a liga usaria todas as ferramentas de investigação à sua
disposição e usaria seu imenso poder para punir qualquer equipe que fosse pega
fazendo isso. Ele lembrou os donos disso, embora não haja alegações credíveis
neste momento.
•
Houve dúvida sobre a tendência de os jogadores recusarem o(s) ano(s)
adicional(ais) e o salário ligado que as equipes podem oferecer.
Em
qualquer caso, é importante lembrar que a liga está vindo de um período intenso
e de muito drama. Equipes e oficiais ainda estão lutando contra isso. Para
muitos deles, as emoções são fortes. O resultado final pode ser uma pequena
alteração no calendário.
O
que é importante frisar é que os eventos das primeiras semanas de julho mostram
que muitos estão interessados na maneira que a NBA faz negócios. E mudanças
podem vir por aí.
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