Oficiais da DNVT suspeitos de venda de cartas podem ser expulsos da corporação
O comandante geral da Policia Nacional,
comissário-geral Paulo de Almeida, considerou ontem, em Luanda, de ‘mau
momento’, o alegado escândalo do esquema de venda ilegal de cartas de condução
e outros documentos em que são acusadas altas patentes da Direcção Nacional de
Viação e Transito (DNVT).
O comissário, que falou em exclusivo a OPAÍS à margem
da inauguração do viaduto do Camama / Av. Pedro de Castro Va-Duném ‘loy’,
referiu que, a ser provada a acusação pelos órgãos de justiça, a decisão a ser
tomada pela corporação será a expulsão imediata dos oficiais envolvidos.
“Não
podemos ter dúvidas disso, esperamos apenas pela conclusão do processo do órgão
de administração da justiça”, disse aquela alta patente da Polícia Nacional.
Entretanto,
as detenções ocorreram no princípio do mês de Maio, na sequência de denúncias
que culminaram com a apreensão, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, de
centenas de diversos documentos como cartas de condução e livretes, em posse de
um cidadão de nacionalidade chinesa.
Entre
os acusados, soube o OPAÍS de fonte policial, consta o chefe do Gabinete do
Director Geral da Direcção Nacional de Viação e Trânsito (DNTV), o intendente
João de Sousa, o sub-inspector Dinis e uma inspectora identificada por Ariete,
responsável desta instituição nos Serviços Integrados de Atendimento ao Cidadão
(SIAC) em Cacuaco, assim como o motorista do Gabinete do Director Geral da
DNTV, cujo nome não nos foi revelado, soube
OPAÍS de fonte policial.
OPAÍS de fonte policial.
Outras figuras podem ser arroladas ao processo, havendo fortes suspeitas do envolvimento de oficiais ligados aos SIAC do Cazenga e do Nosso Centro. Em relação ao cidadão chinês, também detido, é descrito como integrante de um grupo pertencente a uma rede de esquema de venda de cartas de condução, com beneplácito de algumas figuras influentes afectas à DNVT. Informações apuradas indicam que a venda e a certificação fraudulenta de alguns documentos rondava os 100 e 200 mil Kwanzas.
“É um negócio no qual eles vendem as cartas e as autenticações. Mesmo um individuo estrangeiro, que nunca esteve em Angola, pode adquirir carta cá e trocá-la num outro país, porque já está autenticada”, contou a fonte de OPAÍS, para quem o esquema já vêm sendo praticado desde a antiga Direcção da DNVT.
A referida rede, prosseguiu a fonte, está alegadamente protegida por altas patentes afectas ao Ministério do Interior, particularmente da Polícia, cujos nomes recusou- se a revelar. Os cidadãos de nacionalidade chinesa, maioritariamente trabalhadores do sector da construção civil e comércio em Angola, são apontados como os maiores clientes que sustentam o esquema fraudulento.
O facto de alguns dos detidos serem próximos do actual director da DNVT, Conceição Gomes, e da sua adjunta, Madalena, “eleva as probabilidades de o caso vir a ser “abafado””. Contactado, o porta-voz adjunto da Direçao Nacional do Serviço de Investigação Criminal, Antonio Paim, prometeu pronunciar-se sobre esta matéria Segunda-feira,13.
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