Solução Benguela no Dia Mundial da Visão
O dia de hoje, 13 de Outubro, está marcado com a celebração da visão a nível mundial. No cenário nacional, a província de Benguela detém o mais prestigiado Centro Oftalmológico que, apenas no mês de Setembro, atendeu 4854 pacientes.
O Centro Oftalmológico Internacional de Benguela foi inaugurado há oito anos, no dia 15 de Agosto de 2008, como resultado de um propósito filantrópico do Estado cubano, com o objectivo de devolver a visão a doentes com cataratas e outras enfermidades visuais, através de meios cirúrgicos. De acordo com os dados apresentados, dos recursos humanos do centro fazem parte 73 profissionais de saúde e pessoal administrativo, dentre os quais se encontram 53 nacionais e 20 Cubanos. Do total, 7 são médicos oftalmologistas, 2 clínicos, 8 optometristas, 20 enfermeiros e os demais são técnicos diversos.
Equipado com uma unidade operatória, que permite concretizar quatro posições cirúrgicas, está também dotado com optometria, um serviço de óptica e um laboratório. Cataratas, pterígios, glaucomas e oculoplastias são as patologias que lideram a lista das cirurgias realizadas na unidade hospitalar do campo visual de referência em Angola. Exames como tomografia da retina, paquimetria e medição da pressão intra-ocular são alguns dos possíveis de se realizar.
Comemorando-se hoje o Dia Mundial da Visão, sabe-se que, neste ano, a média semanal de utentes atendidos é de 1286, o que se justifica de acordo com as centenas de pessoas que se vêem sentadas nas salas de espera diariamente. Do início de Janeiro ao final de Setembro, foram recebidos 37060 pacientes, destes, 1740 foram operados. Actualmente um segmento da linha operatória dá resposta à demanda, uma vez que, segundo Kapucula António, médico oftalmologista no centro, apesar de os dados estatísticos revelarem uma elevada afluência de pacientes, os números de casos operáveis reduziram de forma razoável, comparativamente a anos anteriores.
Diariamente, no bloco operatório, são efectuadas cerca de 10 operações oculares, sendo que na Segunda-feira foram concretizadas 22 cirurgias. Ainda assim, “há uma certa limitação em termos de equipamentos e de técnicas (…) mas temos resolvido uma boa parte dos casos que têm aparecido”, admitiu o oftalmologista Kapucula António e, devido a estes condicionamentos, as más formações do globo ocular, que segundo o médico, surgem com pouca frequência, não são operadas.
Quanto à modernidade dos serviços cirúrgicos oferecidos, realçou que a técnica usada nos quadros de pterígios são equiparadas ao universo contemporâneo, contudo, outras há que não são as mais actuais. Certos medicamentos e material gastável por vezes tornam-se escassos e, no conjunto das adversidades, as operações pediátricas estão paralisadas por falta de um cirurgião especializado para o efeito, uma preocupação que se transformou num dos objectivos que o centro pretende cumprir.
“Milagres” conseguidos no bloco operatório
Histórias de sucesso é o que mais se encontra no percurso do centro oftalmológico. De inúmeras, o oftalmologista Kapucula António lembra-se do episódio de um senhor de um dos municípios do país, que nasceu cego, e assim viveu a maior parte da sua vida, tendo conhecido os rostos dos filhos e as cores do mundo quando estes eram já crescidos, altura em que foi operado e passou a ver.
A senhora Teresa Carapichoso, de 53 anos, natural e residente na Gabela, província do Kwanza-Sul, chegou ao centro oftalmológico às 7h da manhã de Segunda-feira e foi operada a cataratas no olho esquerdo por volta do meio-dia. Poucos minutos depois de ter recebido alta do pós-operatório, a sua filha falou a O PAÍS, dando a conhecer que a paciente será alvo de acompanhamento periódico, para que seja avaliada a progressão da doença no olho direito, que poderá ser também objecto de intervenção cirúrgica. Foram aproximadamente seis meses durante os quais a dona Teresa se queixou de males oculares a que o hospital da Gabela não conseguira dar solução, encaminhando-a para o do Sumbe, que por fim a recambiou para Benguela, onde finalmente obteve respostas e a cura.
Lúcia Barros é uma idosa Cabo-verdiana de 72 anos, que vive em Benguela há mais de cinco décadas. Por padecer de cataratas, ficou cega durante mais de dois anos e não procurou ajuda médica até à semana passada, altura em que foi operada no Centro Oftalmológico Internacional e recuperou a visão. A senhora Lúcia confessou ser “muito teimosa” e, mesmo cega, não permitia que fizessem as coisas por si. Decidiu então rapar o cabelo para ter menos trabalho nas rotinas higiénicas e, aprimorando o sentido do tacto, continuou com as suas lides diárias.
Lúcia Barros é uma idosa Cabo-verdiana de 72 anos, que vive em Benguela há mais de cinco décadas. Por padecer de cataratas, ficou cega durante mais de dois anos e não procurou ajuda médica até à semana passada, altura em que foi operada no Centro Oftalmológico Internacional e recuperou a visão. A senhora Lúcia confessou ser “muito teimosa” e, mesmo cega, não permitia que fizessem as coisas por si. Decidiu então rapar o cabelo para ter menos trabalho nas rotinas higiénicas e, aprimorando o sentido do tacto, continuou com as suas lides diárias.
Agora, risonha e feliz por ver novamente, disse “quem me pede dinheiro, já confiro bem antes de o entregar”. Ao longo dos anos de cegueira, a mãe e avó Lúcia contou com o apoio de familiares e amigos aos quais foi prometendo fazer e oferecer bolos e biscoitos quando recuperasse a visão. Na Terça-feira, após ter prometido mais alguns doces, afirmou estar pronta para começar a confeccioná-los e cumprir as suas promessas.
Um hospital-escola vocacionado para a filantropia
Para além da província onde está instalado, o centro trata maioritariamente utentes provenientes de Luanda, Huambo, Huíla e Kwanza-Sul, porém, a procura estende-se nacionalmente. O optometrista Augusto Victorino, realçou a importância dos exames feitos na sua área de especialidade, como a biometria e a refracção, para sustentar os diagnósticos dos pacientes no pré-operatório e servir de base para o acompanhamento no pós-operatório.
Esta unidade sanitária que cuida da saúde visual é também um hospital-escola, que, em parceria com o Hospital Geral de Benguela (H.G.B.), permite que os futuros médicos em formação possam fazer a rotação na especialidade de oftalmologia no centro, adquirindo assim experiência.
Para além da província onde está instalado, o centro trata maioritariamente utentes provenientes de Luanda, Huambo, Huíla e Kwanza-Sul, porém, a procura estende-se nacionalmente. O optometrista Augusto Victorino, realçou a importância dos exames feitos na sua área de especialidade, como a biometria e a refracção, para sustentar os diagnósticos dos pacientes no pré-operatório e servir de base para o acompanhamento no pós-operatório.
Fonte: OPAÍS
Imagens: Zuleide de Carvalho
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