O desempenho da economia angolana segundo o FMI


O Fundo monetário Internacional divulgou, em 4 de Outubro, mais uma edição do World Economic Outlook (WEO) de 2016

O WEO é um report (relatório) da instituição que avalia alguns dos principais indicadores económicos dos estados membros da instituição, como a taxa de crescimento económico, inflação, balança conta corrente, a evolução dos mercados internacionais e estima a evolução dos mesmos para os anos seguintes. Os WEOs são divulgados nos meses de Abril e Outubro, com duas actualizações em Janeiro e Julho.
Com a queda dos preços das commodities na segunda metade de 2014, a economia mundial passa por uma desaceleração generalizada, agravada em 2015, mas com perspectivas mais optimistas para o ano de 2016. Afinal, no WEO de Outubro de 2015 perspectivava-se um crescimento da economia mundial em 2016 de 3,56%, superior aos 3,12% estimados para 2015. Segundo o mesmo report, a África Subsaariana cresceria em 5% em 2014, 3,8% em 2015 e 4,3% em 2016.
Ou seja, tinha o ano de 2015 como o mais crítico, prevendo uma recuperação generalizada a partir de 2016. O WEO de Abril de 2016, apesar de manter uma perspectiva optimista em relação a economia mundial considerando taxas de crescimento de 3,09% e 3,16% em 2015 e 2016, respectivamente, alterou significativamente as estimativas para a África Subsaariana. Para a região, passou a prever uma taxa de crescimento de 3,4% em 2015 e de 3% em 2016, considerando um menor desempenho económico em 2016 comparativamente a 2015.
O relatório de Abril apresentou como “Too Slow for Too Long”, evidenciando o longo tempo de crescimento moderado da economia mundial. O relatório foi realizado num contexto de recuperação lenta da economia mundial marcado pe
las políticas monetárias expansionistas agressivas nas economias desenvolvidas, elevadas taxas de endividamento público, pressão sobre os preços e taxas de câmbio, outflows de capitais e contracção do PIB no caso das economias emergentes. Outros factores com impacto sobre a perspectiva de crescimento, de origem não-económica, foram o influxo de refugiados na Zona euro e o referendo do Reino Unido para a saída ou permanência do país na Zona Euro que culminou com a vitória da escolha para sair, dois meses depois, e com o abandono do cargo pelo anterior primeiro-ministro.
As projecções de crescimento para Angola em 2016 e 2017 apontavam para que se situasse em 2,5% e 2,7%, respectivamente, relativamente abaixo dos registos anteriores de 4,8% em 2014 e de 3% em 2015, de acordo com o WEO de Abril. À semelhança de Angola, a perspectiva de evolução moderada nos anos seguintes verificou-se nas demais economias produtoras de petróleo significativamente expostas às variações do mercado petrolífero e em alguns com consequências mais gravosas como o caso da Rússia e do Brasil cuja economia vive uma recessão.
A taxa de inflação prevista para Angola situava-se em 19,2% em 2016 e 14% no ano seguinte. A estimativa de défice fiscal situava- se em -7,09% e -6,12% do PIB em 2016 e 2017, respectivamente. Quanto ao endividamento público, o FMI apontava para que atingisse 70,07% do PIB em 2016 e 68,7% do PIB em 2017. A balança de conta corrente era deficitária para o ano de 2016, terceiro ano consecutivo com saldo deficitário, com um saldo de -11,6% do PIB, diferente da média da África subsaariana de -6,2% do PIB, contudo com uma ligeira melhoria em 2017 em que se situou em -8,8% do PIB, encurtando face a média da África subsaariana prevista para 2017 de -5,5% do PIB.
Com o recente WEO divulgado, WEO de Outubro de 2016, muitos destes indicadores económicos deterioraram-se. A taxa de crescimento de Angola foi revista em baixa e fixou-se em 0% para o ano de 2016 e 1,5% para 2017.
A inflação de fim de período prevista para Angola situa-se em 48% e 32% para 2016 e 2017. O défice fiscal deverá atingir os -5,35% do PIB em 2016 e -5,39% do PIB em 2017. A estimativa para a dívida pública foi fixada em 77,71% do PIB para 2016 e 73,65% do PIB em 2017.
A balança de conta corrente, permanece com saldo deficitário mas melhora significativamente em relação ao report anterior, tendo se situado em -5,4% do PIB em 2016 e 2017, perto da média da África subsaariana de -4,5% e -3,9% do PIB em 2016 e 2017.
A evolução dos indicadores económicos angolanos no próximo report correlaciona-se, entre outros factores, à evolução do preço do petróleo. Sendo, por isso, expectável que no caso de Angola e dos demais países produtores de petróleo, o sucesso de um acordo entre os países produtores desta commodity seja reflectido no próximo report, de Abril de 2017.


Fonte: OPAÍS
Imagem: Reprodução

+ informação encontre no jornal impresso já nas bancas!

Sem comentários:

Com tecnologia do Blogger.