Guterres escolhido para suceder Ban Ki Moon
Não foi escolhida uma senhora, nem ninguém do Leste da Europa, premissas tidas como essenciais na escolha do substituto de Ban Ki Moon. Porém, no fim prevaleceu um outro critério tido à partida como essencial: que fosse um europeu. Prevaleceu também o estilo de um candidato que na controversa gestão das crises dos refugiados nunca chocou com ninguém, redefinindo o multilateralismo.
Feitas as contas e salvo qualquer imprevisto de última hora, o antigo primeiro-ministro português deverá ser indicado pelo Conselho de Segurança da ONU para assumir o cargo de secretário-geral das Nações Unidas. Na votação realizada na Quarta- feira (ontem), a sexta desde que se abriu a corrida, o antigo alto-comissário da ONU para os refugiados conseguiu 13 dos 15 votos.
Houve duas abstenções, uma de um membro permanente (voto vermelho) e outra de um membro não permanente (voto branco). Não há indicação sobre quem se terá abstido. Guterres não era a primeira escolha tanto dos russos quanto dos americanos. Os primeiros pareceriam balançar entre a búlgara Irina Bokova e o sérvio Vuk Jermic, que chegou a presidir à presidência da Assembleia Geral, enquanto que os EUA nunca abriram o jogo.
A grande surpresa da corrida à sucessão de Ban Ki Moon aconteceu há pouco mais de uma semana, quando a União Europeia, contra todas às expectativas, avançou a candidatura de Kristalina Georgieva, presidente do Comité do Orçamento. Na Terça-feira, no que foi entendido então como sendo uma derrota da Alemanha e da França, Georgieva teve oito votos negativos.
O nome de António Guterres será formalmente recomendado pelo Conselho de Segurança à Assembleia Geral, a quem caberá ractificar a escolha. Na votação realizada na Quarta-feira, Guterres precisava de apenas 9 votos, acabando por chegar à cadeira principal da ONU sem nenhuma objecção. Esta foi a primeira vez que os candidatos a secretário-geral da ONU tiveram que se submeter a entrevistas com os membros permanentes e participaram em vários debates.
Angola apoiou candidatura vencedora
O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, foi informado em Luanda, no dia 17 de Março, do processo de candidatura de António Manuel de Oliveira Guterres ao cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas. A informação foi dada a conhecer pelo próprio candidato, António Guterres, durante a audiência que o Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, lhe concedeu no Palácio Presidencial.No final, António Guterres afirmou: “Para mim é muito importante ter Angola logo no princípio desta candidatura, pois sou um velho amigo admirador dos angolanos”, sublinhou.
Naquela altura, Guterres manifestou satisfação pelos desenvolvimentos alcançados em Angola, segundo a Angop: “Angola é membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas e tem tido intervenções de grande importância (…) nomeadamente nas questões dos Grandes Lagos, protecção da mulher e situações de conflitos” …”um país de grande influência e importância para o futuro do continente africano”. Em Setembro, no dia 21, o antigo primeiro-ministro português agradeceu o apoio de Angola à sua candidatura ao cargo de secretário- geral das Nações Unidas.
Perfil
António Manuel de Oliveira Guterres, nascido a 30 de Abril de 1949, é engenheiro e político, que já foi primeiro-ministro de Portugal no período 1995/2002 e secretário-geral do Partido Socialista em 1992. Na sua carreira política exerceu também o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados entre 15 de Junho de 2005 e 31 de Dezembro de 2015. Em 2016 Guterres anunciou a sua candidatura a secretário-geral da Organização das Nações Unidas.
Imagem: Reprodução
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