OPEP reúne-se esta semana para tentar travar a queda do preço do petróleo
A oferta de petróleo continua a aumentar e o preço do barril a descer, uma situação que tende a estender-se a 2017. A OPEP, Organização dos Países Exportadores de Petróleo, reúne-se informalmente esta semana na Argélia para chegar a um improvável acordo que trave a queda dos preços.
Parece mais fácil vender a um árabe areia do deserto do que sair um acordo da reunião informal da OPEP que terá lugar na próxima Quartafeira, 28, em Argel, a capital argelina, à margem do Fórum Internacional sobre Energia. Só um acordo conseguirá travar a descida do preço do barril. A imagem não é nossa, é retirada de um excelente artigo de Liam Denning, um dos mais credenciados jornalistas e analistas do mundo da energia, publicado na Bloomberg.
Denning dá ao seu texto o sugestivo título ‘A OPEP poderia construir alguns castelos de areia em Argel’. É que a areia faz mesmo parte do negócio e os seus fornecedores beneficiarão de qualquer medida que faça subir o preço do petróleo. Na produção de petróleo não convencional, a fractura do xisto é seguida por uma injecção de areia, e não é indiferente à qualidade do óleo extraído a qualidade da areia.
E como qualquer subida no preço do crude aliviará a pressão sobre as contas dos exploradores e produtores de petróleo de xisto, estimulando o negócio e criando margem para corresponder às exigências de alguns fornecedores. Entre eles os de areia. Que, se viram a procura pelo seu produto cair com o fecho de muitas explorações que não resistiram à maré de preços baixos, viram também passar a ser utilizada muito mais areia na produção de óleo. Em algumas explorações norte-americanas a areia utilizada triplicou em relação a 2013.
O número de explorações de petróleo de xisto caiu 75% em relação ao período áureo de 2014, mas têm vindo a crescer desde Maio deste ano. O que significa que os grandes produtores, dentro e fora da OPEP, designadamente o maior, a Rússia, continuarão a debater-se com excesso de oferta, devido à previsível recuperação da produção norte-americana. Os Estados Unidos perderam o lugar de maior produtor mundial de petróleo para a Arábia Saudita, que reconquistou o estatuto, mas poderão voltar a sê-lo, com biliões de dólares à espera de uma oportunidade para tirar partido de uma nova vaga do óleo de xisto. Nem as condições de mercado, nem as conversações prévias entre os principais protagonistas auguram que alguma decisão vá sair do encontro de Quarta-feira.
Arábia Saudita e Irão não se entenderam no encontro prévio que tiveram a semana passada em Viena, Áustria. A Arábia Saudita, que está perto de bater um recorde de produção (10,7 milhões de barris por dia) estaria disposta a reduzir a oferta que coloca no mercado se o Irão congelasse a sua, de 3,6 milhões de barris por dia. Ao fim de dois dias de negociações não saiu qualquer acordo, apesar dos bons ofícios do Iraque que, na última semana, fez vários apelos no sentido de se tomarem medidas que estabilizem os preços, com o Brent próximo de USD 45 por barril, o que significa que os investidores não acreditam que se venha a conter a produção.
A Rússia, que em conjunto com a Arábia Saudita e os Estados Unidos, integra o grupo dos três maiores produtores mundiais de petróleo, já declarou que só participará se primeiro os membros da OPEP chegarem a conclusões. A delegação russa, chefiada pelo ministro da Energia Alexander Novak, deixará a capital argelina antes da OPEP se reunir. Os russos ainda têm fresca a lembrança do fracasso das conversações de Doha, no Qatar, realizadas em Abril, quando a Arábia Saudita se retirou por o Irão se recusar a não aumentar o seu nível de produção.
A situação do mercado é particularmente adversa para os países produtores. Persiste um excesso de 400 mil barris por dia segundo a Agência Internacional de Energia e, no último mês, foram colocados no mercado mais de 800 mil barris adicionais, com a Rússia a elevar a sua produção e a Líbia e a Nigéria a recuperarem parte da produção perdida devido a conflitos internos.
Nos últimos 30 dias o preço dos futuros de Brent no mercado de Londres situou-se, em média, em USD 47,42. No início da segunda semana de Setembro aproximou-se de USD 50, mas a tendência é no sentido da baixa. Na Sexta-feira, o preço do barril de Brent fechou a USD 45,89. E, segundo o Citigroup, se não houver acordo na OPEP para refrear o aumento da oferta, o preço do petróleo enfrentará a possibilidade de descer abaixo de USD 40. Um encontro que decidirá a sorte do preço do petróleo o que acontece esta semana na Argélia.
Fonte: OPAÍS
Imagem: OPEP
Sem comentários: