Ciência diz o que 'esconde' a mente dos adolescentes
Conseguir perceber o que vai na cabeça de um adolescente é, possivelmente, o maior desafio dos pais em todo o mundo. As incertezas, as vontades inesperadas e os pensamentos confusos dos jovens fazem com que muitos pais coloquem as mãos à cabeça sem saber o que fazer para atender às necessidades dos filhos.
Mas a ciência está aqui para ajudar e um conjunto de investigações até agora feitas – e realizadas através de análises cerebrais - vêm dar uma mãozinha ao explicar, ainda muito superficialmente, o que se passa na cabeça dos jovens entre a pré-adolescência e a chegada à vida adulta, lê-se no The Wall Street Journal.
De acordo com a publicação, dos 11 aos 12 anos dá-se a chegada da puberdade e com ela pode vir também a perda de algumas capacidades de aprendizagem ou de noção de espaço, o que faz com que os jovens nesta idade possam ter piores notas do que o habitual – sim, a memória nesta idade é também pior. É nesta fase que os filhos precisam de uma maior atenção dos pais, especialmente no que diz respeito à criação de rotinas e métodos de estudo que estimulem a memória diariamente.
Entre os 12 e os 13 anos dão-se os primeiros problemas em relações, com algumas crianças a apresentarem mais dificuldade em fazer amigos e outras em manterem os que têm. Está a ver aquela fase em que os miúdos colocam os fones nos ouvidos e desligam do mundo real entrando num mundo muito próprio que mais ninguém é capaz de entender? É disso que falamos.
Nesta fase, a incapacidade de lidar com os outros ou em aceitar rejeições nesta idade pode ditar o comportamento do jovem no futuro, sendo, por isso, importante estimular a capacidade de argumentação e a confiança do jovem, preferencialmente com discursos afetuosos, como mostrou um estudo de 2014 que provou que os jovens cujas mães foram mais afetuosas durante as conversas e discussões tinham menores níveis de tristeza e ansiedade e um maior auto-controlo.
As emoções passam a ser o centro das atenções entre os 13 e os 15 anos, podendo verificar-se nesta fase várias mudanças e descontrolos emocionais, uma vez que os jovens estão mais sensíveis a opiniões e, especialmente, a críticas, como revela o The Wall Street Journal. Uma vez que é nesta idade que as lágrimas estão mais vezes no canto do olho e as emoções à flor da pele, os pais devem mostrar compaixão e, principalmente, fazer os possíveis e os impossíveis para reduzir os níveis de stress, uma vez que podem dar azo a distúrbios mentais na idade adulta. Evitar as tensões sociais e a exclusão de grupos são duas das tarefas dos pais.
Dos 15 aos 16 anos dá-se a fase dos comportamentos de risco, com alguns adolescentes a tomarem decisões pouco ou nada benéficas para o seu bem-estar e segurança. Para a ciência, a falta de medo dos jovens nesta idade pode dever-se a um sentido de emancipação, com muitos jovens a mostrarem-se mais autónomos e conscientes da vontade de sair da casa dos pais o quanto antes.
É nesta fase que as amizades se consolidam e que o empenho no estudo é mais notório, podendo, porém, dar-se ainda os ditos comportamentos de risco, como o sexo desprotegido e a troca de parceiro/a sexual com frequência. Contudo, uma forte relação com os pais mostrou ser eficaz na hora de desincentivar os jovens para este tipo de atitudes, como diz um estudo do ano passado.
Com o cérebro já mais ativo e capaz, os jovens entre os 17 e os 18 anos são os que podem apresentar melhores resultados em testes de quociente de inteligência, muito graças ao desenvolvimento do córtex pré-frontal, região do cérebro relacionada com a tomada de decisões. As partes do cérebro responsáveis pelo planeamento mantêm-se em desenvolvimento até aos 20 anos, contudo, é entre os 17 e os 18 anos que os jovens estabelecem maiores e mais maduras relações sociais, acabando por fazer aqueles que são os amigos para a vida.
Seja com os pais, com os professores ou com os amigos, é nesta idade que os adolescentes são mais capazes mostrar empatia e entender o que os outros sentem, conseguindo, com isso, criar relações mais sólidas.
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