OGE revisto "não vai resolver o problema da população”
O Orçamento Geral do Estado (OGE) 2019 revisto foi
aprovado na generalidade esta quarta-feira, (22.05), com 118 votos a favor, 28
contra da UNITA e 13 abstençoes da CASA-CE, PRS e NFLA. O Governo, na voz de
Manuel Nunes Júnior, ministro de Estado do Desenvolvimento Económico e Social,
justificou a revisão do orçamento com a baixa do preço do petróleo no mercado
internacional, assim como a redução da produção em Angola. Por isso "...o
Executivo optou pela revisão do orçamento com o objetivo de corrigir os
desequilíbrios internos e externos da economia", disse o governante.
Trata-se de uma redução global de 8,9% comparado com o
orçamento aprovado em dezembro do ano passado. O setor da Educação subiu para
67%, é é, juntamente com os ministérios da Economia e Planeamento e da
Administração Pública e Segurança Social, um dos três departamentos governamentais
que terá mais verbas em relação ao orçamento anterior. Em sentido inverso,
os restantes 25 ministérios veem diminuídos os seus orçamentos entre os 3%
(Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação) e os 71% (dos Antigos
Combatentes e Veteranos da Pátria).
Recorde-se, que o OGE inicial, aprovado a 14 de dezembro de 2018,tinha previsto receitas e despesas globais estimadas em 10,3 milhões de kwanzas (30,64 mil milhões de euros), tendo sido elaborado com o preço médio do barril de petróleo exportado em 68 dólares.
No OGE revisto, o valor de referência do crude baixa para 55 dólares o barril de petróleo. Já em dezembro o Governo previu, no entnato, a possibilidade de uma revisão do documento no final do primeiro trimestre deste ano.
André
Mendes de Carvalho "Miau" da CASA-CE explica a abstenção do seu
partido na votação: "Este orçamento revisto está à altura de responder aos
desafios que se colocam hoje à nossa sociedade? A resposta é não. Os
indicadores macroeconómicos até podem estar a melhorar, mas a situação
económica e social de Angola piorou nos últimos dois anos".
Adalberto Costa Júnior, líder da bancada parlamentar da UNITA, também pensa que o documento não reflete os anseios da população. Gostaria de ver incluído, por exemplo, o dinheiro do repatriamento de capitais.
"Não
constam deste orçamento revisto quaisquer recursos provenientes do
repatriamento de capitais. Muitos discursos e poucos resultados e mesmo muita
falta de verdade no que a essa matéria diz respeito. O Governo não está a ser
capaz de retirar dividendos extraordinários da aplicação das leis de
repatriamento de capitais”.
Benedito Daniel, do Partido de Renovação Social (PRS) diz que, às vezes, não entende a forma como é elaborado o orçamento por parte do Governo. O político refere-se a determinadas despesas que constam em mais do que um orçamento."Como é que um país que assumiu alguns compromissos quanto a percentagem das despesas orçamentais com os setores sociais e não os honra,vem assumir novos compromissos no setor no quadro deste orçamento?”.
Lucas
Ngonda, único deputado da FNLA, teme que a vida dos angolanos venha a piorar
com o aumento do preço dos combustíveis nos próximos tempos. "O Executivo
está a pensar em aumentar o preço dos combustíveis, e esse aumento fará disparar
os preços para encarecer mais a vida das populações que patinam permanentemente
na pobreza... não façam isso, senhores ministros”, disse Ngonda.
O
presidente do Grupo Parlamentar do MPLA, Américo Cuononoca, apelou ao Governo
sustentado pelo seu partido para que resolva os problemas do povo com a
execução do orçamento revisto."Manifestamos o nosso apoio à implementação
das políticas subjacentes à execução deste orçamento geral revisto,
recomendando a cautela e a prudência, para que os objetivos preconizados possam
ser concretizados em benefício do nosso povo, fim último de qualquer
governação”, afirmou o deputado do Movimento Popular para a Libertação de
Angola.
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